Formanda cega recebe primeiro diploma em braille de Pernambuco

 Foto: Bruno Queiroz e Carla Siqueira/Divulgação

A bacharela em direito Marília de Mendonça, 25, ganhou um diploma que pode ser lido de duas formas: com os olhos e com as mãos. Cega desde que nasceu, a universitária foi contemplada com o primeiro diploma em braille emitido no estado, de acordo com um levantamento feito pela Universidade Católica de Pernambuco.

“Para mim, foi uma ótima iniciativa. Se eu não tivesse recebido em braille, eu não saberia o que estava escrito lá”, diz a formanda.
Apesar da alegria, Marília defende que o diploma em braille, emitido pela própria universidade em parceria com o Instituto dos Cegos de Pernambuco, não deveria ser uma novidade.

“A acessibilidade deveria ser uma coisa natural. Não é algo extraordinária, porque todo mundo deveria receber há muito tempo”, afirma.

A emissão do documento comoveu os funcionários responsáveis pela emissão dos diplomas na instituição.

“Entramos em contato com a Universidade Federal de Pernambuco e com o Instituto de Cegos do estado e percebemos que, até agora, nenhum diploma em braille havia sido emitido até agora. Para os funcionários e para a nossa diretora de Gestão Escolar, Teresa Peretti, a intenção foi a de fazer com que a aluna se aproprie daquele documento. A partir de agora, vai virar rotina”, diz a chefe do setor de diplomas da Unicap, Taciana Farias.

Durante a graduação, no entanto, o braille nem sempre esteve presente. Para superar os obstáculos da ausência de acessibilidade, Marília teve ajuda de colegas e professores para aprender os conteúdos repassados em sala de aula e se sente grata pelo apoio dos colegas.

“Não existem livros adaptados de direito, os conteúdos novos estão só pela internet e, ainda assim, é complicado para baixar. Nos conteúdos escritos no quadro, meus colegas tiravam fotos e me enviavam, mas meu celular só lê textos, não imagens. Alguém precisava ler o texto da foto, passar para o computador para eu poder estudar”, explica.

A formanda reconhece as dificuldades para os cegos no mundo acadêmico, mas acredita que se afastar dos estudos é uma opção somente para quem desiste fácil. “Isso depende muito da pessoa. As dificuldades existem, mas não dá para desistir”, diz Marília, que escolheu o direito para trabalhar na defesa de pessoas com deficiência, crianças e adolescentes.

Com o diploma nas mãos, Marília espera prestar concurso público e encontrar um mundo mais acessível no mercado de trabalho. “Espero que as pessoas entendam e saibam lidar com a minha deficiência”, afirma.

Música
Xará da cantora sertaneja, Marília de Mendonça também tem em comum a paixão pela música. Além do direito, a pernambucana conseguiu encontrar no canto uma forma de lutar em prol de deficientes e menores de idade.

Em 2014, a vontade de ajudar instituições de caridade inspirou a criação do “Música que Alimenta”, um projeto em que Marília solta a voz para arrecadar fundos para organizações que cuidam de crianças com câncer ou em situações de vulnerabilidade.

“Comecei a gravar CDs para reverter a renda das vendas. Em 2014, na Copa do Mundo, gravei um DVD e também já fiz CDs com músicas natalinas e infantis. É uma das coisas que mais gosto de fazer na vida”, diz.

Fonte: G1 PE

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